No Rio de Janeiro, proteção só com blindados

No último dia 16/02, o governo federal decretou intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro, o que significa que o comando das Polícias Civil e Militar do estado, passaram a ser responsabilidade das Forças Armadas.

Além das notícias diárias relacionadas aos mais diversos tipos de violência (roubo, furto, assaltos seguidos de morte, assassinatos, pessoas de todas as idades vítimas fatais de “balas perdidas”, tiroteios em diversas regiões da cidade, etc.), os mais novos alvos dos bandidos agora são as cargas. De acordo com a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), caminhões blindados, escoltas armadas e mudanças de roteiro, são, agora, uma constante na rotina diária do transporte de cargas no Rio. Para conseguir honrar as entregas, redes de supermercados estão usando esquemas de comboio.

Os principais alvos dos ladrões são os itens de baixo valor e alto consumo, como frango, chocolate, leite e refrigerante. Só em em 2017 a Firjan registrou 10.599 ocorrências, aumento de 7,3% em relação a 2016, o que corresponde a um roubo a cada cinquenta minutos. Segundo o coordenador de estudos econômicos da entidade, William Figueiredo, “A situação é grave a ponto de já impedir a entrega de alguns produtos e a execução de serviços, como o dos Correios”.

O presidente da Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem), Marcelo Christiansen, informou que a entidade recebeu até solicitações por blindagem em caminhões inteiros, o que explicou ser um processo complexo, uma vez que os caminhões podem ganhar até 8 toneladas em peso, o que provocaria uma grande perda de performance, além do encarecimento do frete.

Já Roberto Marrons, diretor da Brinks, maior transportadora de valores do país, disse ter recebido solicitações até para o transporte de carnes, cigarros e pneus, o que informou não ser possível, uma vez que estratégias como o uso de escolta e iscas de rastreamento não são suficientes para conter a ação dos marginais.

Com tanta violência, o prejuízo, além de atingir fabricantes, transportadoras e consumidores, faz o investimento no estado diminuir consideravelmente. Para piorar ainda mais a situação, muitas seguradoras não cobrem mais produtos como cigarros, brinquedos e armas, ou seja, se a carga for roubada, não há como recuperar o prejuízo.

Fonte: Folha de São Paulo

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